Os históricos armazéns Abel Pereira da Fonseca, agora revitalizados como 8 Marvila, são mais do que um tesouro arquitetónico no bairro de Marvila, em Lisboa — são um símbolo de comunidade, cultura e criação de espaços que continua a evoluir. Construídos originalmente em 1917, estes armazéns foram uma parte integral da indústria do vinho de Lisboa, servindo como um ponto chave de armazenamento e distribuição, com capacidade para armazenar impressionantes 20 milhões de litros de vinho. A sua influência era tão abrangente que até o lendário poeta Fernando Pessoa era um visitante frequente, falando muitas vezes das suas visitas ao “Abel”.
Durante o seu auge, os armazéns estavam cheios de vida. Os navios atracavam no cais próximo no rio Tejo, descarregando barris de vinho de Bombarral e outras regiões, destinados a Lisboa e além, incluindo exportações para o Brasil, Suécia e Estados Unidos. Os trabalhadores geriam a delicada tarefa de ajustar as concentrações de vinho, preparando-o para os mercados doméstico e internacional. O ritmo diário deste lugar ligava Marvila ao comércio global e posicionava-o como um centro de atividade na cidade.
Mas, como muitos outros centros industriais, os armazéns enfrentaram desafios ao longo do tempo. Na década de 1990, os supermercados começaram a competir com os pequenos negócios e, em 1993, as portas de Abel Pereira da Fonseca fecharam. Embora tenham sido reabertos brevemente para a Expo ’98, o local permaneceu inativo durante muitos anos antes de ser reimaginado em 2023 como 8 Marvila.
Hoje, o 8 Marvila é um espaço vibrante para arte, gastronomia, cultura e comunidade, trazendo nova vida a esta localização histórica. É um centro onde o passado e o presente se encontram — um lugar onde a comunidade se reúne, artistas exibem o seu trabalho e locais e visitantes se envolvem com o rico tecido cultural de Marvila. Com uma visão em curso, incluindo a sua eventual transformação num projeto imobiliário, o espaço assegura que o seu património cultural permaneça em destaque, mesmo enquanto se adapta a novos usos.
